A madrugada de sábado, 15 de novembro, em Caporanga, seguia como o habitual. Tranquila, mas com cheiro de terra molhada pela chuva. No trailer de Saulo, a chapa já estava fria. Ele e a esposa ainda fechavam o caixa. Foi então que Boris apareceu. Chegou inquieto, perguntando se Saulo tinha droga pra vender. Saulo negou, claro, e Boris foi procurar outra confusão. Achou Henrique em um supermercado próximo, pagando a compra.
– Te conheço, disse Clelio.
– Nunca te vi, retrucou Henrique.
Boris não gostou. Não suportava ouvir “não”. O desprezo o cegou. Então as ofensas dirigidas a Henrique vieram rápidas, cheias de veneno e homofobia. Henrique tentou ignorar, mas seu amigo tomou as dores, empurrando Boris, que atravessou a praça para alcançar sua casa, dizendo que pegaria uma arma. Henrique, se mandou antes que virasse estatística.
Só que Boris voltou. E voltou armado.
Um disparo para o alto rasgou o silêncio. Boris se aproximou do trailer e a esposa de Saulo avisou que todos haviam ido embora. Mas Boris não buscava todos.
“Isso não vai ficar assim”, disse.
Instantes depois a polícia chegou. Boris já estava só. Só e sem nada ilícito, ensaiando a própria inocência. Primeiro disse que não tinha arma. Depois que tinha, mas era de caça. A patrulha foi até a casa dele. A esposa autorizou a entrada. Debaixo do colchão, estava a espingarda de calibre modificado. Em outro cômodo, 26 munições. Na delegacia, a delegada ouviu, registrou, rubricou. Boris ficou à disposição da Justiça. As munições, lacradas. A espingarda, catalogada. E a praça de Caporanga, silenciosa outra vez.
Atenderam a ocorrência os policiais militares cabo Menegasso e soldado E.Mioto com apoio de cabo Teles e do 1º sargento Luiz Roberto e cabo Rafael Garcia
* OBS: Os nomes foram trocados
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