O vereador Professor Duzão, de Santa Cruz do Rio Pardo, protagonizou um episódio no mínimo controverso ao denunciar, em entrevista à Rádio 104 FM, no dia 6 de maio, um suposto esquema de corrupção na Santa Casa local, envolvendo cobrança de 20% sobre contratos da entidade, com reuniões realizadas em um posto de combustíveis da cidade. Na ocasião, ele não revelou nomes, mas afirmou que os responsáveis seriam presos.
Na última quinta-feira (22), no entanto, o repórter Dário Miguel, da Rádio 104 FM e Portal Diário Cidadão, revelou o nome do suposto envolvido: Lourival do Raio-X, diretor da Santa Casa.
Lourival, com dignidade e correção, se afastou do cargo para não atrapalhar as investigações. E, também, prometeu ações judiciais contra Duzão. Faz sentido, afinal, o vereador não ultrapassou apenas o limite do bom senso. Pode ter cometido ilegalidades.
O caso “Duzãoleaks”, que está sob investigação da Polícia Civil, já ouviu o ex-prefeito Diego Singolani e outros envolvidos, incluindo este que vos escreve, covardemente incluído no caso a partir da exposição de prints de conversa privada sem autorização ou aviso prévio.
A “denúncia”, até o momento sem nenhuma prova concreta, surgiu em uma reunião política na casa do ex-prefeito Diego Singolani, com vereadores e ex-vereadores presentes. O Ministério Público acompanha o caso e poderá decidir sobre o prosseguimento ou arquivamento das denúncias.
Parte da esquerda local manifestou indignação, enquanto a maioria minimizou o caso ou optou por um vergonhoso silêncio. Por outro lado, a esquerda mais pragmática da cidade – aquele pequeno grupo de elite, que une lideranças petistas jovens e históricas e poucos psolistas (que se reúnem em churrascos com picanha só para a diretoria, excluindo o resto da turma) – deve estar se articulando para restabelecer a credibilidade do companheiro.
Podem até tentar. Mas a bola está com o próprio Duzão. A expectativa de toda sociedade é que o vereador apresente explicações claras e, se for o caso, desculpas públicas para restaurar a confiança da opinião pública. Ainda assim, o resultado deste esforço é incerto.
Este é, sem dúvida, o momento mais tenso da carreira política de Duzão, que até então tinha atuação respeitável. Caso as denúncias se mostrem infundadas, ele poderá enfrentar graves consequências jurídicas e políticas, embora dificilmente receba alguma punição mais severa do parlamento como suspensão ou cassação. Em crises como essa, de norte a sul, de leste a oeste, prevalece o corporativismo.
A esquerda vive um momento delicado em Santa Cruz do Rio Pardo. Com seu único representante fritado em praça pública, morrem as chances de uma articulação para uma candidatura para o executivo nas próximas eleições municipais. A depender do destino jurídico de Duzão, o parlamentar pode perder prestígio junto aos deputados que o apoiam com verbas e emendas. Neste caso, perdemos todos nós santa-cruzenses.
Fábio Pimentel
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